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Oswald de Andrade
Verbete
José Oswald de Sousa Andrade, ou apenas Oswald de Andrade, foi um dos escritores mais importantes do Modernismo brasileiro. Poeta, romancista, dramaturgo, jornalista e professor, Oswald foi uma figura marcante na literatura brasileira do século XXe também um dos intelectuais que idealizou a Semana de Arte Moderna de 1922, realizada no Theatro Municipal de São Paulo.
Oswald de Andrade nasceu em São Paulo, no dia 11 de janeiro de 1890. Oriundo de uma família rica, ainda criança pôde frequentar colégios renomados e, quando jovem, ao modelo de tantos outros jovens da elite brasileira da época, viajou para a Europa para passar uma temporada estudando. Na França, o jovem escritor viveu em um ambiente artístico marcado pelo manifesto futurista do poeta italiano Marinetti, bem como pela arte primitiva, em voga entre os jovens europeus. Os traços cosmopolitas de sua formação cultural e artística sempre se articularam muito bem ao princípio modernista de descoberta do país não oficial e deram oportunidade à construção de uma obra capaz de influenciar inúmeros sucessores.
Após voltar da Europa, o escritor iniciou relações de amizade com outros intelectuais do período, como Monteiro Lobato, Guilherme de Almeida e Mário de Andrade. Nesse período, Oswald de Andrade mobilizava ideias inovadoras, à luz da sua experiência na Europa e influenciado pelo contato com o manifesto futurista de Marinetti.
Em 1919, formou-se em Direito, mas nunca advogou, passando a atuar como jornalista literário, escrevendo para diversos jornais. Em 1920, cria com Menotti Del Picchia a revista Papel e Tinta, que contava com as colaborações de seus amigos Mário de Andrade e Di Cavalcanti. Com estes, organizou a Semana de Arte Moderna de 1922 e integrou o “Grupo dos Cinco”, somando-se a Menotti del Picchia e Mário de Andrade as artistas plásticas Anita Malfatti e Tarsila do Amaral.
Durante a Semana de Arte Moderna, Oswald leu trechos do romance Os Condenados, recebendo vaias do público. Contudo, tal recepção não desestimulou o escritor, e motivou-o ainda mais a continuar investindo em sua escritura crítica, inovadora e nacionalista. Em 1924, o escritor publicou um dos mais importantes manifestos do Modernismo, o “Manifesto Pau-Brasil”, publicado no jornal Correio da Manhã. No Manifesto, o autor afirma a necessidade de uma língua literária à altura da experiência nacional: “[...] A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos.” Neste texto, ficava bem evidente sua disposição crítica e seu humor cortante que já apontava outro marco de sua carreira de formulador estético modernista: o “Manifesto Antropofágico''. Neste “Manifesto”, de 1926, Oswald propõe um Brasil que devora a cultura estrangeira e cria uma cultura revolucionária própria com uma mensagem que se popularizou nas letras brasileiras e até hoje é conhecida como definidora da moderna cultura nacional: “Tupi, or not tupi that is the question.”
Oswald de Andrade tem uma escrita marcada por ironia, crítica, especialmente direcionada aos modelos tradicionais da cultura e da sociedade brasileiras, aos acadêmicos e aos costumes conservadores da vida na cidade. Sua escrita também buscava a valorização das origens do brasileiro e da língua falada cotidianamente, o que pode ser constatado, sob chave paradigmática, em um dos seus poemas mais famosos, o “Pronominais”.
"Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
deixa disso camarada
Me dá um cigarro”
Além dos “Manifestos” e de poemas, Oswald de Andrade também se dedicou à escrita de romances, sempre marcados por suas ideologias políticas pautadas no comunismo, como pode ser encontrado no livro Serafim Ponte Grande (1933). Outras obras de destaque do autor e que tiveram grande reverberação na cultura brasileira são suas peças de teatro O Homem e o Cavalo (1934), A Morta e O Rei da Vela (1937). Esta última, por exemplo, foi montada pelo Teatro Oficina de São Paulo, em 1967, em plena ditadura militar, desafiando o próprio cenário político da época.
Oswald de Andrade faleceu em 1954, deixando um importante legado para a literatura brasileira. Suas influências vivem até o presente através Concretismo e das canções do Tropicalismo. Assim como os outros autores que fizeram parte do Modernismo brasileiro, Oswald foi um importante escritor para a construção do Brasil moderno e da arte brasileira que com ele intensificou seus aspectos mais peculiares.
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Para saber mais
Oswald de Andrade: o culpado de tudo
Referências
FONSECA, Maria Augusta. Oswald de Andrade - Biografia. Rio de Janeiro: Globo, 2007.
GULLAR, Ferreira. “Encontro com Oswald”. Folha de São Paulo, 12/06/2016. Disponível em: https://www.academia.org.br/artigos/encontro-com-oswald
ROCHA, João Cezar Castro & RUFFINELLI, Jorge. Antropofagia hoje? Oswald de Andrade em Cena. São Paulo: É Realizações, 2011.
Textos traduzidos
Online Dictionary of Intercultural Philosophy: https://www.odiphilosophy.com/anthropophagy
Manifiesto Antropófago (en español): https://proyectoidis.org/manifiesto-antropofago/
Brésil/Europe : repenser le Mouvement Anthropophagique: https://www.ciph.org/IMG/pdf/papiers60.pdf
Braszilian Poetry - Oswald de Andrade: https://www.brazilianpoetry.com/2021/05/oswald-de-andrade-biography-and-poems.html
ANDRADE, Oswald. Anthropophagies. traduit par Jacques Thiériot, Paris, Flammarion, coll. « Barroco », 1982. (réunit Mémoires sentimentaux de Janot Miramar, Séraphin Grand-Pont, Manifeste de la poésie Bois Brésil, Manifeste Anthropophage et autres textes anthropophages).
Autor/a do verbete
Thamis Larissa dos Santos Silveira. Ilustração: Rodrigo Rosa.
Palavras-chave
Antropofagia | Literatura brasileira > Modernismo | Oswald de Andrade